Frederico Varanda garante Milhões

Spread the love

Em 2021 e 2024 os campeonatos tiveram o dedo de Ruben Amorim mas este é o título de Varandas. Que fez a diferença, até nos festejos.

Frederico Varandas pode não ser um grande tribuno, mas há padrões que começam a ser identificados no seu discurso. Um deles é o da cultura de exigência de que constantemente fala e talvez tenha sido essa a justificação para um certo tabu alimentado pelo presidente do Sporting a respeito de Rui Borges, em abril, a seguir a uma vitória sofrida frente ao Rio Ave em Vila do Conde: só a conquista do título garantiria sem sombra de dúvida a continuidade do treinador dos leões.

Se assim foi, a estratégia resultou. Como já resultaram outras no passado, o que elimina de vez a ideia ainda defendida por alguns sportinguistas de que Varandas é um dirigente com sorte – uma sorte que dá muito trabalho.

Se nos campeonatos de 2021 e 2024 podemos atribuir o grande mérito a Ruben Amorim, é justo dizer que este foi o título de Varadas e não por acaso o próprio tenha admitido na segunda-feira ter sido o «mais saboroso». Porque este foi aquele que testou a fundo a sua liderança após a saída a meio da época do treinador português mais carismático desde José Mourinho.

 

Não há coincidências: três títulos em sete anos representam muita coisa para o atual presidente leonino, num contexto muito pior que o rival Benfica no capítulo financeiro. E mesmo que tenha havido um perdão da dívida por parte dos bancos (processo iniciado por Bruno de Carvalho e ao qual as entidades aceitaram porque os seus acionistas assim o entenderam, ninguém os obrigou), isto não justifica o salto significativo na capacidade de investimento – e retorno.

racionalidade» de que falou na varanda da Câmara Municipal de Lisboa (e por ser palavra oca entre as massas, pouca euforia provocou) é o chão onde se constrói a emoção. Apesar de não estar isento de falhas (ninguém está), Varandas tem mostrado nestes anos ser capaz de aprender com os erros – e emenda-os com um timing cada vez melhor. Isso tem sido visível em muitas áreas, desde o mercado à comunicação, do marketing à área financeira sem esquecer as modalidades, departamento, diga-se, em que os leões nunca deixaram, no passado, que se criasse a mesma clivagem relativamente ao futebol.

 

Olha-se para este Sporting e percebe-se que está diferente, até na mensagem. Pelo segundo ano consecutivo, a festa no Marquês de Pombal mostrou que o civismo pode casar com a euforia (exceção a Ricargo Esgaio) e a maturidade no discurso de Frederico Varandas nos Paços do Concelho relativamente aos rivais, em particular ao Benfica, foi muito diferente das palavras azedas e carregadas de ressentimento em 2021, quando águias e dragões eram dirigidos por Luís Filipe Vieira e Pinto da Costa, respetivamente.

Afirmar, de forma aberta, que este título não foi contra ninguém é uma evolução cultural assinalável (desde que tenha continuidade e a boca não fuja para o chinelo quando a bola voltar a bater na barra) na razão direta de uma inversão que se vai registando no Benfica, com muitas camadas de adeptos a adotarem a vitimização e justificações que cheiram a mofo para disfarçar o óbvio: o Sporting foi melhor e tem uma estabilidade diretiva que pode ser fundamental para a próxima época tendo em conta a via sacra que André Villas-Boas ainda tem de percorrer no FC Porto e as muitas dúvidas que se colocam nos encarnados – a começar por saber se haverá ou não um novo presidente em outubro.

Publicar comentário